(Lucas 10, 1-10)
A Palavra de Deus que ouvimos neste final de semana, em nossas celebrações dominicais, nos apresenta uma amostra do que Ele espera dos que se tornam seus discípulos e discípulas. Jesus chama os discípulos para enviá-los numa tarefa missionária.
O evangelista São Lucas nos diz que Jesus escolhera “setenta e dois discípulos”. Não é por acaso esta escolha, ela tem um significado simbólico importante. No tempo em que ele escreveu o seu evangelho acreditava-se que havia setenta e duas nações no face da terra. Ao escolher setenta e dois discípulos Jesus demonstra que a sua mensagem não se destina a um grupo, a uma raça, ou aos membros de um povo, mas ao contrário se destina a todas as nações, a todos os povos.
Ele os envia “dois a dois, na sua frente a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir”. “Dois a dois” indica que a missão que Jesus confia aos discípulos não pode se realizar sozinho e isolado, mas sempre em comunidade. A missão só produz efeito quando nós superamos a tentação do isolamento. Pode ser que as coisas não caminhem no ritmo que desejamos, mas os seus frutos serão duradouros quando a realizamos na comunhão com os irmãos.
Jesus adverte que “a messe é grande, mas os trabalhadores são poucos”. Tenhamos consciência de que em proporção aos desafios e as realidades que nos aguardam, os nossos esforços e recursos são sempre insuficientes. Daí a exortação de Jesus para pedir ao Senhor da messe que envie operários a sua messe. É Deus quem dá o crescimento, embora seja um aquele que planta e outro o que rega (cf. 1Cor 3,7).
Jesus compara os seus discípulos às ovelhas no meio dos lobos (Lc 10,3); ou seja, Jesus os adverte para que estejam sempre atentos para não adotarem os sentimentos próprio dos lobos: a raiva, a ganância, o ressentimento, a vontade de dominar e corromper os outros. Ao contrário, como cordeiros não precisam se preocupar com o que levar, vestir, calçar.
Para poder impor-se um partido político precisa de recursos poderosos: dinheiro, armas, apoio de pessoas influentes. Jesus exige que os seus pregadores se apresentem ao mundo despojados de tudo: sem dinheiro, sem apoios políticos ou econômicos.
É importante observar que trata-se de dirigir-se às casas: “Em cada casa em que entrardes…” (10,5); e que a mensagem que se anuncia é sempre: “A paz esteja nesta casa!”. O que de mais precioso existe neste mundo, é poder gozar da paz.
Esta é a única garantia que Jesus dá aos discípulos. Ele não promete riquezas, saúde, bem estar, conforto. Não! Ele promete a paz. A paz que pode constatar de tudo isso, mas vai muito mais além. A paz é sinônimo de vida feliz.
Por isso infeliz quem rejeita o anúncio do Evangelho; quem se fecha diante da graça que o mensageiro leva consigo. Condena-se a viver uma vida fútil, vazia, desprovida de alegria duradoura, sempre necessitada de compensações e cheia de dependências. Tem a mesma sorte dos pagãos que desprezam a promessa de felicidade que Deus fizera pelos profetas no passado, e agora pelos apóstolos de seu Filho e dos seus discípulos.