Tive a graça de conviver com Pe. André por um bom período da minha vida. No ano de 1998, quando fiz o noviciado na Congregação de Jesus Sacerdote, em nossa comunidade de Barretos. Nesta ocasião ele dava aula aos noviços sobre a vida do nosso padre fundador: Pe. Mário Venturini. Todas as semanas nos transmitia um pouco da sua experiência vivida próximo ao nosso fundador, com o qual tinha um carinho e o respeito muito grande.
O seu testemunho sempre foi edificante: seu exemplo de amor à Deus e aos irmãos foram suas características marcantes. Demonstrava um grande amor também pela sua vocação, pelo carisma e espiritualidade de nossa Congregação. Doou toda a sua vida rezando e fazendo rezar pelos sacerdotes, oferecendo totalmente pela santificação dos padres.
Depois do primeiro ano de noviciado, encontrava o Pe. André todos os meses em nosso encontro intercomunitário, mesmo não morando mais na mesma comunidade que ele. No ano de 2006, já como sacerdote, fui transferido para Barretos e residi na mesma comunidade do Pe. André até os longos dias da sua doença no hospital de São José do Rio Preto, culminando com a sua morte. Convivi com ele, os últimos anos de sua vida. Sua preocupação com o bem de todos era evidente, seu amor e carinho para com os pobres, de modo particular para que fossem atendidos em suas necessidades. As pessoas encarceradas também eram alvo de visitas contínuas que Pe. André fazia, sem jamais cansar-se. Ainda sua preocupação com as pessoas enfermas, sobretudo as mais graves, para que não morressem sem receber os sacramentos da Igreja. Não podemos esquecer o apoio e os sábios conselhos que oferecia ao Sr. Henrique Prata, como amigo e conselheiro. Além disso todo o empenho na realização da Casa de Apoio Madre Paulina para os doentes de câncer e seus familiares vindos de todos os cantos do Brasil em busca da saúde. Com a ajuda dos Amigos e Benfeitores da sua terra conseguiu construir essa obra que ainda hoje está beneficiando inúmeros pacientes.
Teríamos tantas outras experiências para relatar. O nosso povo que conheceu e conviveu com Pe. André também se recorda de vários episódios. O seu modo simples de viver, desapegado de tudo e de todos, o deixava sempre livre para viver em plenitude a sua vocação. Pe. André sabia também oferecer tudo o que experimentava na vida, alegrias, dores, sofrimentos pela santificação dos sacerdotes que é nosso carisma específico. Até o último momento da sua vida foi um sacrifício de amor e louvor à Deus, nosso Pai.
Passados nove anos de sua Páscoa definitiva, ainda trago na minha memória a experiência dos últimos encontros com Pe. André: o seu pedido para que o povo rezasse para que a vontade de Deus fosse feita. Não queria que os seus paroquianos rezassem pela recuperação de sua saúde, mas que se realizasse na sua vida a plena vontade do Senhor. No seu leito do hospital era constante o seu pedido de perdão a Deus e aos irmãos pelos maus exemplos que porventura havia dado. De minha parte, nesse tempo do meu convívio com ele, não me recordo de nenhum contratestemunho do Pe. André…
Quando o seu médico cardiologista Dr. Nilton, me telefonou às 02:15min da madrugada do dia 28 de outubro de 2010, para me comunicar a morte dele, agradeci muito ao Dr. Nilton em nome de todas as pessoas que conheciam ao Pe. André, por tudo o que ele fez pelo nosso coirmão. Dr. Nilton além de médico por longos anos do padre André, era também seu amigo e se fez presente no seu funeral.
As missas celebradas durante o velório foram marcadas pela fé e pela presença do nosso povo que o admirava e o queriam sempre por perto. Hoje, lá do céu, Pe. André continua nos acompanhando com sua intercessão, para que façamos o bem aqui neste mundo, servindo ao Reino de Deus com coragem, fé e testemunho.
Não esqueçamos nunca: a vida e o testemunho dos santos, servem não só para serem contemplados e admirados, mas principalmente, para serem seguidos e imitados. Deus abençoe a todos e boa caminhada no caminho da santidade…
Pe. José Antônio de Sousa
Superior e responsável da Congregação de Jesus Sacerdote no Brasil